No último sábado, 25 de fevereiro, a cidade de Maputo, acolheu mais uma batalha entre as ligas de hip-hop, RAPÓDROMO representando Moçambique e Reis do Rompimento Primeira Liga (RRPL) representando Angola. Um encontro marcado atraso, problemas de som e derrota dos angolanos.
O evento aconteceu no Restaurante A3, localizado no Porto de Maputo, e contou com a presença de gladiadores moçambicanos como Rasta Altafo, Epaitxoss One, Naruto, Trovoada e Viny The Cat, que enfrentaram, respectivamente, Jeo MC, Jeocal, Kanga Dji, Brazzah e Valdemar da comitiva RRPL.
A chegada dos angolanos em Moçambique, teve lugar na quinta-feira anterior ao evento e, já no aeroporto, os fãs das batalhas já expressavam a sua crença de que a vitória seria certa para os filhos do Fly Squad, afirmando que o alinhamento do RAPÓDROMO é um fracasso. Com destaque para Trovoada que muitos não consideram um verdadeiro gladiador, e a falta de experiência contra os angolanos que são mais experientes nesse tipo de evento.
Contrariando as expectativas, no dia da batalha, Moçambique saiu-se melhor, com um placar de 4 a 1, de acordo com a reacção do público presente. Epaitxoss, Trovoada, Rhasta Altafo e Naruto tiveram um bom desempenho, enquanto Viny The Cat não conseguiu intimidar o seu oponente, Valdemar, em nenhum dos rounds. Essa batalha foi a menos assistida pelo público, que optou por sair do palco para tomar refrescar e beber água, já que no interior a ventilação era fraca.
Além das barras e “memes”, mostraram uma criatividade única num tom de exigência de respeito, sendo que Trovoada chegou a preferir batalhar com Epaitxoss. Já Rhasta Altafo, mostrou que fez o TPC contra o seu oponente, JEO MC, ao ponto de revelar que a gladiadora, em uma das suas batalhas em Angola, plagiou uma barra do rapper moçambicano, Allan, algo que possivelmente comprometerá sobre o quão pesada é a sua caneta.
Da vitoria moçambicana, o comentário unanime é que os angolanos vieram para Moçambique convencidos de que ganhariam e não fizeram o trabalho de casa adequadamente. Porém, além de Valdemar, a Jeo e Kanga DJI podem entrar na lista dos que fizeram um bom trabalho, o que pode resultar em um empate ou até mesmo em uma derrota menos humilhante, uma vez que o resultado final é indicado pelos comentários do público, nos vídeos oficiais no canal do YouTube da RRPL.
O lado negativo do evento RAPÓDROMO VS RRPL
Moçambique venceu, e a vitória é um bom sinal, pois pode incentivar a organização a investir mais no RAPÓDROMO e não depender tanto da RRPL para atrair público. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer na construção de um RAPÓDROMO onde o público possa gritar o nome do movimento ou outro slogan da mesma maneira que faz com o slogan do Fly Squad: “Oh Shit”.
Segue aqui, alguns pontos que podem dar um rumo credível ao movimento, com base no que se viu dentro do A3.
ATRASO
Não se justifica, um evento marcado para 14 horas iniciar quase 18 horas, algo que deixou o público zangado, primeiro por ter ficado do lado de fora sem avanço para entrar ao restaurante e depois pela animação de quase uma hora do DJ, o que levou com que fosse boicotado e em uma única voz gritassem: time, time.
Parece cultura de moçambicano o atraso, mas nunca foi de forma exagerada. No fim de tudo, este atraso comprometeu de forma grave ao público, pois o evento só teve o fim às 23 horas, algo com que ninguém contava. Só para se ter ideia, no mesmo dia, no 16 Neto estava previsto show de rap do King Cizzy, uma vez que é tudo hip-hop, imagina quem comprou o bilhete para os dois shows?
PROBLEMAS COM O SOM
Durante o evento, os problemas relacionados ao som foram um grande destaque desde o início até o fim. Não se tratava apenas das questões relacionadas às lapelas ou microfones, mas sim da equalização necessária para proporcionar um som perfeito para que o público pudesse ouvir e compreender todas as barras.
Isso ressalta a importância de um teste de som rigoroso antes de qualquer apresentação ou início do show. Aqueles que estiveram presentes puderam perceber claramente o desapontamento do Fly Squad em relação à qualidade do som, especialmente durante a batalha entre JEO e Rhasta Altafo.
FALTA DE UM ONE MAN SHOW
Já se passaram cinco encontros entre RRPL e RAPODROMO, e parece que do lado moçambicano ainda não há um One Man Show, alguém capaz de vender no palco o poder dos gladiadores nacionais e reagir ao tom do público.
Precisamos de alguém que possa liderar o movimento, alguém como o próprio Fly ou Geremias, alguém que esteja mais próximo do público, assim como o Fly Squad fez, a ponto de parecer o único organizador.
Só para que conste, o que não faltou, foram momentos que o Deejay colocou, entre os intervalos das batalhas, músicas do Duas Caras e, em nenhum momento o rapper e fundador do RAPÓDROMO avançou para um playback (mímica) em conexão com o público.
COMUNICAÇÃO É IMPORTANTE
Existe um problema significativo de comunicação na RAPÓDROMO, até o momento em que este artigo é publicado. Nada foi postado nas redes sociais do movimento, nem houve apreciação dos gladiadores ou qualquer outra informação divulgada. Isso significa que, apesar de serem os organizadores, o público depende de outras plataformas para se manter actualizados sobre o evento. Um exemplo claro disso foi a questão do público ter acompanhado a transmissão das batalhas na página da empreendedora Maria de Lurdes, que esteve presente e transmitiu os melhores momentos.
Outra página que está em alta é o Cau Fontes Channel, que destacou as melhores barras enquanto as batalhas estavam em andamento e colocaram o público em êxtase.
Facebook Comments