Rhodalia Silvestre abre a época Cultural do Franco com Flama

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Por: Izi Dimande

Eram 20: 35h quando foi anunciada sua entrada triunfal, de preto a condizer com a banda, Rhodalia , abriu o palco com a música “O casamento é uma alegria”, que despertou a ausência do lar e do amor aos presentes na sala grande do franco. Em aplausos e assobios, interpretavam os versos da música, no serpentear da Rhodalia  no palco os homens em volúpias contorcia-se na alegria da vida. 

Movimentos de prazer para uma noite fria e fresca, a “Diva” foi trocando para a 2ª música ao grito do “canta” da plateia. No seu português local, abanamos no compasso a música do seu mais recente álbum de sucesso. No piano ou órgão, estava uma mulher, cubana de nome Helena, no baixo o rapaz dos K10, Dodó, na percussão e com mestria anotava cada ritmo necessário à vida da música, o Nando, na bateria quem mas podia ser senão o Stélio e no contrabaixo os longos cabelos anunciavam sua presença aos demais conhecidos, socre, a voz do fundo vinha de três coristas, colocadas ao ponto de deixar o técnico de som num à-vontade. Esteve no barítono o Pauleta, prolongando sua apresentação aos demais homens e sentiram o prazer de cantar, a Neusa em tenor criou vénias vinda do alto da satisfação e a Selma em mezzo-soprano foi o fim. 

Ouvimos do Centro Cultural Franco Moçambicano e da sua equipa no seu mais alto estágio de perfeição musical. Uma casa que tem vindo a mostrar-nos na nossa ignorância o prazer de servir o cliente a tempo e horas, sem deixar equívocos e delírios de reclamação. As músicas da Rhodalia ou seja, o seu Jazz, Neo Soul, Reggae e Pop, no mix das línguas faladas e percebidas fazem desta cantora a mais popular e a mais ouvida em Maputo. Seus temas assemelham-se a de intervenções sociais, busca palavras simples para compor uma música e ao longo da cantada é normal se aperceber que a palavra “́rato” é desconstruída do nosso entender como animal de mau agoiro. Mas sim surge a conotação do roedor à pessoa. Prova foi o show que deu na terra do rei, onde ao descobrir, sempre que se faz ao palco, executa cada aspecto da sua interpretação sem deixar malícias, o esplendor dos incautos surge quando deixam os celulares e atentam-se aos gritos vindos da vizinhança. Filmam vídeos à postar nas redes dando vida e obra a essa mulher de encanto. Imagens de status que vão enervando os ausentes na noite de abertura.

“Fome” música que versa sobre as necessidades das pessoas e as diversas facetas que cada um tem, Rhodalia diz-nos que a lados em cada um de nós quando desejamos algo e cantou para que percebamos o quão é necessário matar a fome de alegria como deve ser. De forma agradável e trabalhadora. Não usando artimanhas da vida e dos prazeres das conquistas. Partimos o coração quando ferimos o outrem, quando não somos correspondidos, ficamos até com medo de amar e sem ninguém para se queixar. 

É fantástica a poesia dessa mulher quando vem do coração e transborda no consciente de cada ouvinte. Os olhos brilharam de emoções, os homens tornaram-se espíritas. As mulheres acompanharam Rhodalia e ficaram feridas porque o companheiro se dirigiu ao bar de cerveja. Os títulos das músicas da Rhodalia são de alegria, usa palavras do quotidiano. Quando eu não estiver entre nós, vais-te recordar dos meus ensinamentos enquanto carregas objectos sem fim. Mágoas-me no meio dos homens como se fosses o maior, sim, como se fosses um rato, mordes e sopras, quando ficamos entre nós queres o meu amor e atenção. Sim, um dia vais sentir essa falta.

Poema de amor e espanto no meio do exorcismo amoroso da Rhodalia, lido pelo Azagaia. Em silêncio captamos a mensagem para a prosperidade da vida. Na sua tónica voz interpreta o seu número de intervenção social, falando do sistema político e apelando ao minuto de silêncio às vítimas da natureza e não dá guerra. Azagaia remexe-se como o Bob Marley e delira-nos até o suor molhar o interior das nossas vestes. E foi-se, para regressar no fim da despedida dando espaço à dona do cartaz da noite.

Suas músicas melhoram o subconsciente dos presentes, na pausa do gole de água, sentados com formigueiros, a plateia levantou-se em coro e repetindo a última estrofe. Em resposta Rhodalia devolve-lhe o sorriso e o canto, foram 2 minutos de conexão até entrar a próxima música, o pôr-do-sol. Quando estamos juntos, parece que vou segurar a sombra do nosso encanto, o pôr-do-sol para não se deitar nas montanhas da sua vida. Tu meu amor, segura esse sol para continuar brigando sobre nosso corpo inerte e deixa que eu te mostre o quanto te gosto e desejo.

Rhodalia canta com emoção de vida, e isso viu-se no dueto com Jimmy Dludlu, perfeição causada pelos vários dias de ensaios e foi super fantástico, canta porque foi muito cedo mãe, aos 14 anos já amamentava 1 linda mulher, aos 16 anos 2 crianças descreveram o seu passo à dar a vida, hoje a seguem 3 filhas e ouvem seus conselhos de maternidade, facto que fez compor a música – venha cá minha filha – e senta pra ouvir meus conselhos cândidos porque vou partir para o além e espiritualmente estarei cuidando de si. 

Em memória de sua mãe Rhodalia, filha segunda de três irmãos, cuida de suas filhas com afinco e respeito pelos ensinamentos deixados. Teve medo de ficar sozinha porque também era criança na altura, 16 anos, mas a vida tinha de a ensinar a ser mãe e pai. Foi um crescimento contando e aplaudido com júbilo pelos presentes que boquiabertos deixaram entrar goles de líquidos.

O fim, sempre traz tristeza, a hora já havia chegado quando em pé aplaudimos pela última vez aquele sucesso de espectáculo.

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